No universo do tratamento oncológico, a mucosite oral (MO) se apresenta como uma das complicações mais comuns e debilitantes para os pacientes submetidos à quimioterapia. Caracterizada por dolorosas úlceras e erosões na mucosa oral, esta condição pode dificultar a ingestão de alimentos e, em casos severos, pode até mesmo causar a necessidade da suspensão do tratamento do paciente.
Em uma inovação significativa no tratamento oncológico, a fotobiomodulação (FBM) surge como uma alternativa no tratamento e prevenção da mucosite oral. Segundo a mais recente revisão de literatura publicada no Brazilian Journal of Health Review1, esta técnica não invasiva promove a cura de tecidos, reduz a inflamação e alivia a dor dos pacientes, sendo uma ferramenta promissora para garantir a qualidade de vida dos pacientes oncológicos.
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Neste artigo você irá encontrar:
ToggleO que é fotobiomodulação?
A fotobiomodulação é uma técnica terapêutica que utiliza luz de baixa potência (LLLT), como lasers ou LEDs (diodos emissores de luz), para promover a cura, reduzir a inflamação e aliviar a dor.
Diferente dos lasers usados em cirurgias, que cortam ou queimam o tecido, a luz usada na fotobiomodulação é de baixa intensidade e não causa aquecimento ou dano aos tecidos do corpo.
Como a fotobiomodulação age no tecido?
Quando a luz de certas frequências é aplicada ao corpo, ela é absorvida pelas mitocôndrias e pode estimular as células a funcionarem melhor. Deste modo, ajuda o organismo a produzir mais energia e acelerar o processo de reparo natural do corpo.
Isso é especialmente útil para tratar lesões, reduzir a dor crônica ou inflamação, e até ajudar na recuperação de doenças de pele, incluindo a do tecido da mucosa oral.
Em destaque, a luz emitida no comprimento de onda vermelho (610-760nm) tem alto poder cicatrizante, analgésico e anti-inflamatório.
Como a fotobiomodulação atua no tratamento da mucosite oral?
A fotobiomodulação auxilia na prevenção da mucosite oral de várias maneiras, com base nos efeitos biológicos da luz de baixa intensidade sobre as células e tecidos. Confira a seguir:
- Estímulo à Cicatrização e Reparo Tecidual: A luz em determinados comprimentos de onda pode penetrar nos tecidos e estimular os processos de cicatrização, graças ao aumento da energia disponível (ATP), essencial para o reparo dos tecidos lesionados.
- Redução da Inflamação: A fotobiomodulação pode ajudar a reduzir a inflamação local, uma das causas principais da mucosite oral. Ela modula a resposta inflamatória ao diminuir a liberação de mediadores inflamatórios e aumentar a produção de substâncias anti-inflamatórias, criando um ambiente mais propício para a cura.
- Alívio da Dor: A técnica é conhecida por seus efeitos analgésicos, que são cruciais no manejo da dor associada à mucosite oral.
- Formação de Novos Vasos Sanguíneos: A fotobiomodulação pode estimular a formação de novos vasos sanguíneos no tecido danificado, um processo conhecido como angiogênese. Isso melhora a perfusão sanguínea local, o que é vital para o transporte de oxigênio e nutrientes necessários para a cura das lesões mucosas.
- Estímulo à Produção de Colágeno: Aumenta a produção de colágeno, uma proteína essencial para a manutenção e reparação da integridade dos tecidos. O colágeno ajuda a fortalecer a barreira mucosa, tornando-a menos suscetível a lesões.
- Redução do Risco de Infecções: Ao melhorar a saúde geral da mucosa e reduzir as lesões abertas, ela também pode diminuir o risco de infecções secundárias, que podem complicar ainda mais a condição da mucosite oral.
Quais as vantagens do tratamento com fotobiomodulação?
As principais vantagens da fotobiomodulação são:
- É uma técnica não invasiva, o que significa que não há cortes ou perfurações;
- É uma alternativa segura;
- É um procedimento indolor para tratar vários problemas de saúde;
- Não possui efeitos colaterais;
- Ideal para quem tem restrições medicamentosas.
Evidências clínicas da eficácia da fotobiomodulação
Estudo recente1, publicado no Brazilian Journal of Health Review, mostrou a eficácia da fotobiomodulação na prevenção e tratamento da mucosite oral, reduzindo os seus sintomas e controlando a sua progressão para estágios mais graves.
A pesquisa revisou extensivamente literaturas das bases de dados Medline, PubMed, Scielo e Lilacs, focando em artigos publicados entre 2017 e 2022. Os estudos selecionados exploraram a eficácia da fotobiomodulação na gestão da mucosite oral em pacientes oncológicos, apontando que, apesar de não haver atualmente uma solução totalmente eficaz para a prevenção ou tratamento definitivo da doença, a fotobiomodulação se mostra um tratamento eficaz.
A revisão destacou também a importância do cirurgião-dentista no manejo da mucosite oral, sugerindo a inclusão deste profissional nas equipes de cuidado ao paciente com câncer.
Avanços recentes no tratamento e prevenção da mucosite oral
Os avanços científicos demonstram que atualmente já é possível realizar a fotobiomodulação por meio da LEDterapia, complementando alternativas tradicionais. No mercado brasileiro já existe o dispositivo Odontollux, pioneiro no tratamento de LEDterapia para a prevenção e tratamento da mucosite oral.
A LEDterapia apresenta algumas vantagens em relação ao laser por diversos motivos. Diferentemente do laser, que emite luz em um único ponto, o LED possui um maior índice de dispersão da luz, abrangendo uma área mais ampla, reduzindo o tempo de aplicação.
Além disso, a LEDterapia se destaca como uma opção mais acessível financeiramente em comparação com o laser, tornando-a viável para uma ampla gama de clínicas. Este custo-benefício facilita a adoção e implementação do tratamento em diferentes contextos.
O Odontollux também oferece a conveniência de ser um home device, permitindo ao paciente realizar o tratamento no conforto de sua casa, o que pode melhorar a aderência ao tratamento e a qualidade de vida durante o período oncológico.
A LEDterapia se estabelece como um método complementar relevante no alívio da mucosite oral, promovendo não só o bem-estar dos pacientes, mas também contribuindo para que ele tenha o mínimo de intercorrências durante o tratamento do câncer.
Referências
1 Silva, L. A. B., Andrade, A. S., Madeira, E. P., Oliveira, S. M., Calado, T. H. S., & Silva, J. H. (2023). Fotobiomodulação na prevenção e tratamento da mucosite oral em pacientes submetidos à quimioterapia – uma revisão de literatura. Brazilian Journal of Health Review, 6(4), 17807-17820. https://doi.org/10.34119/bjhrv6n4-295
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